domingo, 15 de novembro de 2009

mentira

eu sei que é mentira. aliança? dois meses de namoro? você não anda mais de ônibus e nem economiza pra comer. ele é lindo? amor da sua vida? trabalhando onde ele trabalha e ganhando o que ele ganha até eu viro homem perfeito. vamos lá, diga logo que é mentira. que você não ama ele, mas o dinheiro e o carro. que na primeira batida e na primeira demissão ele vai evaporar em dois segundos. e a sua vida vai voltar ao normal. vai voltar à mesma mentira. é mentira. assuma.

verdade

eu não tenho um óculos maneiro. na verdade, nenhum óculos fica bem na minha cara. eu não entendo de arte. na verdade, nenhuma arte é para ser compreendida. eu não gosto de gênios. na verdade, odeio me achar um. na verdade eu não gosto de nada. mas entendo niezstche, que gostava de arte, não ficava bem de óculos e se achava um gênio a ponto de escrever um livro sobre o quão gênio foi. é. na verdade apenas preciso de um bom bigode.

real

eu não sei se isso é uma vitória. é o primeiro gole d'água em muito tempo. não lembrava mais o gosto. sei que ruim não é. não sei até quando aguentarei. fiquei bom tempo já. mas não sei. sei que queria que tudo isso parasse. sei o que sou. e sei que isso não me faz bem. ser o cara perturbado. acho que consigo fingir que não sou. ou até quando me exponho me retraio e faço de tudo uma grande brincadeira. esse gole d'água. no momento me parece brincadeira. não sei se isso é a realidade. eu queria era que a perturbação fosse embora. essas vozes... "SENHOR!". ahn? "o senhor é surdo?". que houve? "seu troco do pão!". ah, obrigado.

olvido

eu deveria ouvir sêneca. acho que não, talvez ouvir o mar. não sei. se há mais algo pra ler ou ouvir. se preciso de mais alguma coisa. tudo parece tão perto mas tão distante. "é, eu conheço você". não, não conhece. mas sabe quem sou. não não. não sei então. eu deveria ouvir sócrates. acho que não. acho que deveria ouvir a chuva. não sei também. eu sei, mas, não sei. acho que no final é o mesmo auto-flagelo de sempre. é parte da inércia de existir. eu deveria tapar os ouvidos.