domingo, 28 de novembro de 2010

recusa

eu vou te dizer algo, sabe porque me recuso a acreditar em um deus? porque uma vida dada por um deus de nada vale, onde seus êxitos e fracassos nada mais são do que a boa vontade ou o sadismo de 'algo maior'. me recuso a acreditar que tudo que consegui até o presente momento apenas foi conquistado porque tal 'algo maior' me deixou conquistar, como se de nada valesse o meu esforço. me recuso também jogar a culpa dos meus erros em algo que não pode retrucar, como se as minhas chances desperdiçadas fossem passíveis de aceitação porque 'algo maior' quis assim. acreditar em um deus é esquecer de suas responsabilidades e apenas sobreviver. engana-se quem acha que sobreviver é o mesmo que viver. para mim, a vida é sem graça acreditando em um deus. para mim, acreditar em um deus é não ter vida.

amargo

eu lhe digo caro amigo que a vida fica amarga com o tempo. a paciência se esgota e os gostos também. o amargo retoma e fica. não há mais a sensação ruim do amargo, pois ela agora é reconfortante. todos os gostos que na infância eram mal vistos hoje são os mais vividos. experimentar o whisky sem gelo não é mais tarefa árdua, mas sim novo vício. os goles na cerveja mais lascinante agora são como beber a água mais refrescante. um brinde ao amargo é sempre feito. os cheiros, os sabores, os toques e os beijos. todos eles amargam do melhor jeito possível

razões

eu o vi com seu mundo desmoronando e ele não estava nem aí. podia analisar criticamente cada motivo que o fizera desabar. cada pequeno aspecto. se tornou tão racional que fazia força para tentar sentir alguma emoção. em vão, pois em seguida entendia o porque na emoção. não se tornou frio por causa disso, mas apenas sábio. sábio de que tudo tem um motivo e que não há porque se desesperar por isso. sábio para agir diferente das próximas vezes. um sábio solitário