quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

coca

eu bebo whisky com coca. qualquer whisky. mas só pode ser com coca. nada de pepsi. não. tira da minha frente essa merda de rótulo azul. bebo porque gosto e porque preciso. bebo porque preciso esquecer. e bebo porque preciso lembrar. pois em todos os momentos eu bebi isso. para esquecer de tudo. mas no dia seguinte sempre me lembrava de algo mais. bebo porque é suave. porque desce bem. bebo porque é com whisky. bebo porque é com coca. se mulher tivesse esse gosto. eu morreria de cirrose. mas provavelmente vou morrer mesmo.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

oportunidade

eu não sei se quero perder isso tudo. se é que algum dia aquilo me pertenceu. sei que vou sentir saudade. mas sei que a vida não volta. que não se pode perder a oportunidade. mas vou sentir falta. mesmo estando perto. as coisas vão acabar. acho que será melhor assim. de longe. ver o fim sem me magoar. eu ainda não falei para ninguém. mas, pois bem. deixa estar.

paris

eu lembro de uma paris chuvosa. como talvez deveria ser. sem se ver um palmo à frente do rosto. somente se vê a torre. os carros embaçados. franceses chateados com a chuva. eu no meio da avenida achando tudo muito bom. assim deve ser paris. uma foto desfocada. pela metade. cheia de pingos d'água. assim deve ser a nossa vida. mal retratada. para poder ser imaginada.

esbarro

eu vejo pela janela uma mulher. quatro andares embaixo de mim. nesse frio abafado. me pergunto se foi importante vê-la. se me lembrarei dela. se a encontrarei sem saber que ela era a menina da janela. parte do mistério dessa vida é deixar as coisas para o acaso. para o esbarro. para depois ela me ver no mesmo andar.

momentos

eu não tenho todas essas fotos. ainda não compartilho todas essas memórias. todos esses pequenos momentos. todos esses grandes instantes de nossas vidas. parados. conservados. congelados. para se verem livres em nossas mentes. essa vida que vivemos. esses fatos que somamos. é isso que somos. momentos. retratados no espaço e no tempo.

quinta

eu preciso ir. não sei bem porque. aliás sei. é uma fundação estúpida. mas não é por isso. é por algo que não sei. algo que valha outro algo. toda quinta e nada. mudo de lugar mas o espaço é o mesmo. preciso de algum significado. não esse vazio. penso nela. daqui e de lá. não posso deixar nenhuma das duas escapar. tenho que fugir para isso. sou zarathustra. preciso esquecer para lembrar.

brigite

eu agora sei porque fui lá. fui tentar ter algo que nunca tive. a vida vivida. ela é brigite. 10 anos à minha frente. 10 vidas vividas. o suor. o beijo. os fluidos. de outros homens. que não eu. a vida vivida. ela é brigite. a efervescência de quem já rodou meio mundo. a leveza de quem já sabe tanto. a beleza das marcas do tempo. ela é brigite. mulheres. mulheres vividas. mulheres da vida. elas e brigites.

mundo

eu estou às voltas com o meu passado. tudo gira e volta. fotos. momentos. sorrisos. tudo isso parece tão claro quanto insípido. uma foto me fez lembrar. 2000. eu ainda era nada. e tudo já se movia. como posso pensar nisso tudo? dez anos atrás. dez verões. dez temporadas sem brigite. algo nela me trazia o mundo lá de fora. algo nela me trazia a vida que cospe. os segredos de viagens. as histórias de motéis. os amores de rodoviária. a vida. a vida era aquilo. aquele sutiã tamanho GG. aquela calcinha transparente. aqueles pêlos pubianos a mostra na piscina. sem pudor. como se estivesse em qualquer praia do mediterrâneo. eu vi o mundo pelo corpo desnudo dela. é isso que é o mundo. uma mochileira de 25 anos se depilando nua na beira da pisina.